terça-feira, 18 de setembro de 2007

O cantinho do sindicalista, FENPROF-style

do Jumento:

E os estudantes?

Ouço os responsáveis governamentais, ouço os professores, ouço os políticos da oposição e chego à conclusão de que os alunos são o que menos importa. Os políticos da oposição, a este ou a qualquer outro governo, têm sempre a mesma opinião, tudo foi mal feito. Os sindicatos fazem o que lhes cabe, o ensino está bem se conseguiram ver satisfeitas as suas reivindicações. Os governantes desdobram-se em busca de indicadores de sucesso, como se viu a ministra afirmar no programa Prós e Contras o que importa são os resultados, a diminuição do abandono precoce e do insucesso escolar.
Os alunos pouco importa, para uns são argumento político, para outros são a matéria-prima necessária para empregar professores e para os últimos são facilmente convertíveis em resultados estatísticos. É o resultado de um modelo de ensino que tem por objectivo massificar o ensino e cujo resultado pretendido é a mediania. O objectivo não é a excelência, a crer na felicidade da ministra o sucesso do sistema de ensino está na redução do abandono e em menos reprovações, os bons alunos são úteis apenas porque dão menos trabalho aos professores e ainda os podem ajudar sentando-se ao lado dos alunos com dificuldades. Quando se pergunta a um aluno como correu o ano ele não nos responde dizendo que teve boas notas, limita-se a dizer que passou, passar é o único objectivo fixado para os nossos estudantes.Só que os que mais se queixam de o país ser pouco desenvolvido são precisamente os que condenam a excelência, os que mais se queixam de estarmos na cauda da Europa são os mesmos que odeiam os quadros de honra, os que mais defendem a competência são precisamente os que se batem por objectivos medianos para o sistema de ensino.O nosso sistema de ensino não é mau só porque há abandono escolar e insucesso, é mau porque não promove a excelência, porque se não fossem os pais muitos bons alunos seriam reduzidos a alunos medianos, porque aposta tudo nos mais fracos e despreza os melhores.Se queremos investigação científica, empresas bem geridas, uma Administração Pública mais moderna, políticos mais competentes, empresários mais ambiciosos, uma economia mais competitiva e trabalhadores qualificados não chega termos um sistema de ensino que produz alunos que passaram, é necessário promover e apoiar a excelência, sob pena de um dia destes ser bom aluno se transformar em motivo de vergonha. Aliás, na nossa tradição o aluno que é bom porque estuda é marrão, é a vítima das “cacholetas” da turma.O ensino não pode ser visto apenas na perspectiva do interesse dos professores ou das estatísticas governamentais, os objectivos do sistema de ensino devem centrar-se no aluno, promovendo a ambição e a excelência. Não basta que os alunos “passem”, Portugal precisa de muitos bons alunos sem os quais não sairá do círculo vicioso do subdesenvolvimento.Não faz sentido esperar grandes resultados do país quando o sistema de ensino promove a mediania e onde qualidades como a ambição, a dedicação, o esforço, a excelência e a competitividade são considerados defeitos dignos de um processo de reeducação numa aldeia da Coreia do Norte.

in O Jumento


A Educação, tema tabu por excelência da sociedade portuguesa... Só se ouve falar na Educação neste país quando:

- Os professores fazem greve, o que normalmente significa que é por causa de dinheiro e que a culpa é da/o ministra/o. (a sério, já durante a minha estadia no ensino secundário me fazia imensa confusão as greves quase aleatórias dos profs...)

- Os alunos universitários se recusam a pagar propinas, ou seja, por causa de dinheiro, com as culpas a reverterem a favor da/o ministra/o (novamente, quem mais estrebuchava era quem menos tinha a reclamar...)

- As notas dos exames nacionais de Matemática batiam recordes negativos. A culpa era outra vez da/o ministra/o. Sempre. E só. E se subirem meio milionésimo de ponto o mérito é logo atribuido pela/o ministra/o a ele mesmo.

E...

Bem, eu tentei. Eu juro que tentei. Mas não me ocorreu mais nenhuma situação. Em Portugal só se discute a Educação por motivos superfluos ou para atacar a/o ministra/o da tutela.

Tenho 29 anos, e só três coisas são imutáveis na minha consciência da realidade portuguesa:

- O Carvalho da Silva, que para todos os efeitos é a CGTP;
- O tipo da FENPROF a anunciar aderencias norte-coreanas de 99,9% às greves;
- E o estado de guerra civil permanente entre os agentes da Educação em Portugal.

Porra, que já enjoa.